Pra ninguém
"Meu coração é o mendigo mais faminto da rua mais miserável.
Meu coração é uma planta carnívora morta de fome.
Meu coração é uma velha carpideira portuguesa, coberta de preto, cantando um fado lento e cheia de gemidos - ai de mim! ai, ai de mim!"
Caio Fernando de Abreu
Esse pedaço do horizonte
que insiste sempre
no meu olho esquerdo
- entre os prédios,
é seu. E seu só
quando eu penso no nada
que inexiste
e no seu desprendimento
de vírgula errante
e a falta que faz
mesmo quando está comigo
é ser só
- desatar o nós
da ponta dos nossos dedos.